All sorts of jazz, free jazz and improv. Never for money, always for love.
Segundo volume a documentar a actividade do consórcio transatlântico constituído pelos portugueses Luís Lopes e Rodrigo Amado e pelos norte-americanos Aaron e Stefan Gonzalez. Lopes surge como líder de uma formação em que a noção de colectivo ressalta, desde logo, particularmente clara, até pela democraticidade evidenciada na autoria das peças. Se a estreia em 2008, na lisboeta Clean Feed, já havia convencido sobremaneira, este “Electricity” (com selo da francesa Ayler Records) não só confirma, mas, sobretudo, reforça a evidência de que estamos perante um quarteto que destila uma música orgânica e vibrante, feita da criteriosa aglutinação de múltiplos elementos e onde composição e improvisação se conjugam de forma particularmente eficaz.
Sem prejudicar, antes potenciando, a unidade e coesão gerais, a dicotomia luso-americana acaba por se revelar a principal força motriz do grupo, não só, por um lado, pelos uníssonos e constantes diálogos estabelecidos entre a dupla lusa (é Amado quem assume, muitas vezes, o papel principal, com Lopes a posicionar-se na condição de arquitecto textural), como, por outro, pelas teias rítmicas engendradas pela dupla de descendentes do trompetista Dennis Gonzalez. Percebendo-se a estrutura de cada tema, logo o quarteto muda de direcção por vezes de forma vertiginosa, surpreendendo positivamente o ouvinte.
O disco abre com um sombrio “Dehumanization Blues”, de Aaron González,
dominado pela vigorosa secção rítmica. “Jungle Gymnastics” ancora-se nas
mesmas premissas, com Lopes e Amado em estimulante interacção . “Two
Girls” (da autoria do saxofonista) denota que o grupo também sabe pisar
territórios mais “groove”, de sólida sustentação rítmica. A elegância e
a sobriedade de “Effigy” (assinada por Lopes) vem deitar água na
fervura. O contraste de abordagens em “Procurei-te na Noite”, a remeter
para paisagens suburbanas, resulta muito bem. “Infidelities”, com o
seu intenso travo bop, é outro momento alto. Em suma, um disco que,
infelizmente, não escutei em tempo útil para entrar de caras na lista
dos melhores de 2011.
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