All sorts of jazz, free jazz and improv. Never for money, always for love.
Grupo de origem francesa, o Théo Ceccaldi Trio combina uma vertente de instrumentação clássica com um som contemporâneo. De um lado estão dois irmãos, Théo Ceccaldi no violino e Valentin Ceccaldi no violoncelo; o trio completa-se com Guillaume Aknine, na guitarra eléctrica. A combinação instrumental poderá soar estranha, eventualmente poderá soar mesmo algo incompatível, mas o trio trata de desmistificar preconceitos.
Trata-se, à partida, de três instrumentos de cordas, sim. Mas a electricidade da guitarra implica necessariamente um desnível instrumental. Se o violino de Théo e o violoncelo de Valentin seguem muitas vezes pelo pizzicato, a guitarra de Aknine não se deixa levar em riffs histéricos, mas opta antes por um dedilhar controlado, que se deixa entrelaçar num perfeito equilíbrio com as cordas acústicas.
A editora sueca Ayler Records, habitualmente focada na edição de free jazz e improvisação livre de alta intensidade, tem aqui um objecto atípico no seu catálogo. Há espaço para a improvisação, sim, mas esta encaixa-se dentro das estruturas das composições de Théo Ceccaldi. Este disco assenta sobretudo nas composições de Ceccaldi, que surgem de um contexto de câmara, mas evoluem para lá das suas fronteiras.
Extrapolando o ambiente clássico, este trio trabalha pela improvisação uma curiosa interligação instrumental. O resultado é surpreendentemente coerente, conseguindo articular discursos e combinar universos de uma forma fluída. Nas “liner notes” do disco a célebre improvisadora (contrabaixista) Joëlle Léandre escreve: “Inventem, continuem a inventar! Iventem novos sons, novos timbres, novas estruturas”.
Théo, Valentim e Guillaume não páram de inventar. Inventam composições, melodias, texturas, inventam universos musicais. Conseguiram estabelecer uma insólita ligação instrumental e trabalham uma música sem limites.
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