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The Electrics - Live at Glenn Miller Café

Eduardo Chagas, Jazz e Arredores

Há 7 anos a esta parte que a sueca Ayler Records (live music with spirit) vem a acarinhar os ouvidos do público interessado no jazz irreverente. Fundada em 2000, por Jan Ström, que dirige, e por Åke Bjurhamn, que pinta as capas e trata do grafismo, a Ayler prossegue o trabalho de desencantar e recolocar à disposição do ouvinte gravações obscuras, raridades, ao mesmo tempo que documenta o que de mais relevante tem passado pelo Glenn Miller Café, um minúsculo clube de Estocolmo, que é hoje uma referência geográfica importante na Europa para o jazz actual. A música deste volume Live at Glenn Miller Café resulta de dois concertos que o quarteto The Electrics deu a 3 e 4 de Outubro de 2005, escolhida, seleccionada e preparada pelos próprios músicos para edição. Apesar do título, o grupo toca exclusivamente instrumentos acústicos: Sture Ericson, saxofone tenor, clarinete e clarinete baixo; Axel Dörner, trompete; Ingebrigt Håker Flaten, contrabaixo; e Raymond Strid, bateria – tudo gente (re)conhecida, habitantes da paisagem jazz/improv made in Europe. A partir de composições instantâneas (Electrips; Electrance; Electrash; Electroops; e Electraps), em que abundam marcas da livre-improvisação e do experimentalismo europeus, em concomitância com swing electrizante, a fazer jus ao nome do grupo, a música combina aspectos particulares do trabalho sobre o som enquanto matéria-prima, e outros ligados à tradição do jazz, tal como recebido e transformado na Europa. A improvisação, tesa e a apontar em insuspeitas direcções, é de encher as medidas, à semelhança do que aconteceu no anterior disco do quarteto, o recomendável Chain of Accidents, um Ayler de 2000 gravado ao vivo na Copenhagen Jazz House, Dinamarca. A questão não é escolher de entre os dois; é, se possível, entreter com ambos a espera por um terceiro volume.